Most Of Us, Are Sad
Confesso que saí confuso após a sessão de Homens, Mulheres e Filhos. Não havia gostado, e assim continuo,
porém ainda naquela altura não sabia dizer precisamente o motivo de meu incomodo. Algo que espero entender melhor ao fazer essa crítica.
Jason Reitman se
mostra seguro e no comando de seu filme sobre relacionamentos nos tempos da
Internet. Igualmente confiantes estão seus atores (Adam Sandler, Jennifer
Garner, Dean Norris, Ansel Egort), todos limpos, sóbrios e levando
demasiadamente a sério seus personagens entediados e neuróticos. Nada de
extraordinário em seus dramas: histórias de pais e filhos que buscam sair da
monotonia de seus relacionamentos (sejam eles de ordem afetuosa ou interpessoal).
Existe uma vontade em
expor essas histórias como maneira de conectá-las, fazendo assim um quadro sobre a solidão
moderna. Reitman reforça constantemente seu ponto de vista trágico sobre
aqueles personagens ao incluir uma narração robótica de Emma Thompson que
exemplifica a dinâmica truncada e fria daqueles fantasmas perdidos. Homens, Mulheres e Filhos é uma espécie
de Força sedada. Seus temas são pertinentes, seus personagens carregam
dentro de si sentimentos redentores e ânsias por mudanças, porém todas essas
potencialidades são dissipadas pela falta de energia da narrativa. A imagem é
muita limpa e maquiada, construir um mundo de aparências é uma das
propostas da narrativa, porém esse excesso acaba por apagar diversos pontos
interessantes da caracterização dos personagens, tornando-os unilaterais e
redundantes. Reitman os protege de julgamentos, morais, mas também os impede de
ganhar camadas mais humanas. Todos estão aprisionados em uma imagem entorpecente,
incapazes de saírem de seus arquétipos narrativos. O interesse é maior em criar
uma obra que cite\exemplifique os tipos de solidão do que em criar personagens de carne e osso.
A questão do meu
incomodo bate ai. Não sei até que ponto o que apresentei possam ser problemas
para outros espectadores, ou se isso acaba por refletir meu cinismo em relação a
essa geração, que é no caso, a mesma do filme. Talvez Reitman tenha criado um universo tão próximo que se torna inquietante reconhecer a "imagem entorpecente" como algo familiar. Esse cinema consequentemente se torna preguiço e conformista por não apresentar a jovialidade que seus personagens tanto tentam redescobrir. O filme é bem
intencionado, mas lhe falta carisma e audácia em ser mais livre e sujo. Resultando em um cinema que se vende muito mais
pelos nomes estampados em seu cartaz do que pela força de suas ideias e imagens.
Música do título:
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