I
don´t feel safe in this world no more.
Minha experiência com o
Godzilla original foi bastante prejudicada pelo
fato de já estar ciente sobre seu subtexto. Por isso, assistir ao clássico
Japonês foi animador apenas pelas magníficas sequencias de ação. Ao longo do
filme, acabei tendo problemas com a superficialidade dos personagens, o
didatismo da montagem e, o já citado, subtexto previamente revelado. Meu maior
medo era que a mais recente versão do monstro recorresse à mesma mensagem do
original e que os antigos problemas persistissem. Fiquei feliz por perceber que
dessa vez, o dino gigante teve um papel diferente na narrativa. Dirigido pelo novato
em Hollywood, Gareth Edwards, Godzilla é cinema pipocão, que peca justamente por ter medo em ser um.
Após um inicio
empolgante, especialmente uma fantástica sequencia de créditos, o público já
está tenso e ansioso. Impotência dos personagens perante os acontecimentos? Confere. Altas expectativas
acerca dos bichos grandes? Confere. Godzilla não demora muito para
chegar aonde pretende. Aqui, os estragos são visíveis, cadáveres no chão, muita
fumaça e caos. Se, inteligentemente, o
filme mexe com os nossos pesadelos de guerra nuclear e de catástrofes naturais,
incluindo tsunamis e terremotos na narrativa, ele peca em justamente esconder
os agentes de tais pesadelos durante boa parte da projeção. Ainda não cheguei à
conclusão do porque dessa escolha, talvez Edwards tivesse medo de cair na
mesmice do quebra-a-quebra que permeia a serie Transformers. Ou talvez,
ele apenas estivesse segurando os astros do filme para o final a fim de manter
todos ansiosos. Porém, a ansiedade é transformada em impaciência e frustração em
diversos momentos. Acredito que o pior dos exemplos seja na primeira aparição,
completa, de Godzilla, que dura, pouquíssimos minutos. Piorando a situação, o
filme não possui personagens carismáticos ou interessantes, com exceção do
personagem de Ken Watanabe. Genéricos, especialmente o
protagonista, a contribuição que eles fornecem à narrativa é mínima, estando
presentes, em sua maior parte, apenas para representar o texto e suas, boas,
alegorias. Felizmente, essas alegorias e significados também se encontram
presentes nas imagens desoladoras e no uso amedrontador de sons dos bichos
gigantes. E mesmo com a frustração causada pela ausência dos gigantes ao longo
do filme, o final consegue, parcialmente, compensar, com excelentes sequencias
de ação, ficando no mesmo nível das do original japonês.
Julgo original e
remake, filmes de mesmo nível. Ambos compartilham diversos problemas, porém
ambos possuem versões, igualmente, interessantes de nosso medo pelo
desconhecido.
Música de título: "Apeman", The Kinks.
Acho que tu foi a primeira pessoa que conheço que gostou do filme. Agora me deu curiosidade de ver.
ResponderExcluirEu to ficando com vontade de rever, nem que seja pelos momentos iniciais e pela batalha final.
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