The Water´s Clear and
Innocent.
Os tambores rufam, o
vento sacode as árvores, as ondas do mar rebatem na areia, um menino encontra
um cadáver boiando na praia. Still The Water (Futatsume no Mado) é
meditativo, cru, belo e agressivo em proporções igualitárias. Uma obra de
conhecimento milenar que se enraíza nos dilemas humanos para fornecer uma
experiência que os transcenda para além de suas dimensões.
Lidando com temas tais
como o amadurecimento, o aparecimento do amor e a inevitabilidade da morte, Still
The Water não estuda tais eventos separados uns dos outros. Em vez
disso, os compreende como causas naturais para a própria vida acontecer. O
olhar da diretora Naomi Kawase se estende para o continuo movimento do ciclo da vida. Originando um filme que absorve a natureza como
parte intrínseca de si, revelando em suas regras e contradições uma ordem
espiritual, ancestral e comum a tudo e a todos.
Não existem momentos
desperdiçados ou mal aproveitados, Still The Water seria uma obra
presunçosa se não tivesse uma direção tão segura e centrada, baseada no
respeito e humildade que Kawase sente pelos dramas que aborda. Para isso, ela constrói
uma linguagem contemplativa e de caráter sensorial, assemelhando-se bastante a
um documentário (estilo não estranho à diretora), que capta perfeitamente o
despertar e o fim da vida. Esse ritual é pontuado pelo som do mar e do vento como
signos frequentes de uma metafísica que busca alcançar o sublime através dos
medos, frustrações e expectativas dos protagonistas.
Still the Water
é um raríssimo caso de um filme que se desenvolve fora do que está
imageticamente apresentado. A crueza e até aridez com que os personagens se desenvolvem ou até o ritmo contemplativo da narrativa podem afastar alguns, mas é inegável que a obra carrega em si toda a infinidade, beleza e tragédia do que nós rodeia.
Link IMDB: http://imdb.to/1nbgmo5
Música do título:
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