Dance
you fucker! Dance you fucker!
O filme inicia-se com imagens
cotidianas do Rio de Janeiro. Em seguida, entra música em tons graves (Que me
lembrou: https://www.youtube.com/watch?v=meU2gAU7Xss ) e barulho da rua, para logo depois, descobrimos que
uma criança está desaparecida. Dois minutos de filme, O Lobo Atrás da Porta já
havia me sugado completamente em sua atmosfera. Revisto (Já
havia visto no festival Janela Internacional do Recife, de 2013), só confirmei que o suspense de Fernando Coimbra é um dos grandes filmes nacionais dos
últimos anos.
Coimbra parte do
desparecimento da menina para construir um suspense tenso, emotivo e por vezes,
engraçado, sobre um triângulo amoroso. A tal menina é filha de Bernardo (Milhem
Cortaz) e Sylvia (Fabíula Nascimento), conforme a investigação avança
suspeita-se de Rosa (Leandra Leal, em ótima atuação). Rosa é um caso
extraconjugal de Bernardo, que se torna amiga de Sylvia, com intuito de
provocar o amante. Essa pulada de cerca é narrada primeiramente por Bernardo, e
depois por Rosa.
Sendo um filme de
“versões” da mesma história, Lobo não é um daqueles casos que busca
confundir o espectador em meios a trezentos fatos de diversos pontos de vista.
O filme se interessa bem mais por entender e procurar os motivos que culminaram
no desaparecimento da menina.
O cinema nacional
ultimamente tem flertado bastante com o suspense (vide os ótimos Som Ao Redor,
Trabalhar Cansa e Quando Eu Era Vivo.) e Lobo se torna mais um
desses. Esse Neo Noir é uma dança da morte: Cenas abruptas de violência
doméstica, personagens instáveis e um mistério a ser resolvido. Coimbra se
revela um diretor de mão cheia, com longos planos (Alguns estáticos, ou com
pouca movimentação) e ótimas soluções de enquadramento, que passam uma sensação
constante de tensão (Amigo meu comentou que ouviu a plateia toda ofegar
aliviada quando o filme terminou).
O papel do som também
ajuda a ressaltar o aspecto claustrofóbico. A trilha sonora pontua os momentos
chaves do filme, sendo seu minimalismo bastante eficaz. Já na maior parte das cenas, o som ambiente é o
grande destaque, alto e seco. O barulho parece cortar o filme com bastante
ferocidade. Isso, misturando com a ausência de som extra diegético (fora do
universo fílmico), torna o filme violento e tenso na medida certa.
A estética do filme
também ganha ao mostrar as consequências das ações dos personagens. (Como na
ótima cena de Rosa após sua “consulta” ao médico) Ao observar as longas, e
silenciosas, reações dos personagens, o filme ganha camadas e mais camadas de
interpretações de seus dramas (Similar ao filme Quatro Meses, Três semanas e
Dois Dias, Cristian Mungiu). Filme sujo e desagradável, no melhor sentindo que existe, O Lobo Atrás da Porta não faz julgamentos morais, ele abre caminhos para o espectador
chegar a suas conclusões. Sem medo de tocar em assuntos delicados, Coimbra
adiciona uma dose peculiar de humor a narrativa.
O filme parece brincar especificamente com a
plateia brasileira, e seu caráter quase histérico em repulsa a histórias de
adultério e de crimes hediondos. Até mesmo o delegado (Juliano Cazarré) comenta
que no Brasil, população não perdoa quem maltrata criança e idoso. O humor está
no desconforto de certas situações, que acabam tendo consequências graves e
pouco engraçadas. Porém, ele nunca se destaca diante do suspense do filme.
O filme já havia me causado uma ótima
impressão da primeira vez. Já na segunda, tive a certeza de que ele irá
permanecer comigo por bastante tempo. Brilhantemente fotografado e montado,O Lobo Atrás da Porta é um suspense de qualidade, dos mais criativos a aparecer
nos últimos tempos, tanto no âmbito nacional, quanto internacional.
Link IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2861532/
Música do título:
Link IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2861532/
Música do título:
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