“Down on this killing
Floor”
Escrito por Charles Brackett
(co-escritor de dois dos melhores filmes de Billy Wilder, Farrapo
Humano e Crepúsculos dos Deuses) e dirigido pelo
prolífico Henry Hathaway, Torrente de Paixão é um Noir
à luz da manha e do calor das cataratas do Niágara.
O Noir é simples. Casal de férias
esbarra em outro casal, esse com o relacionamento de mal a pior, e a partir
desse encontro: Casos Extraconjugais, tramas de assassinatos e outras coisas
vêm à tona. Homem solitário narra sua história, Marilyn Monroe nua embaixo de
lençóis brancos, o technicolor vibra, as cores tomam a tela. Essa é uma
história de obsessão e desejo. Mais do que um Noir, Torrente de Paixão é um filme que emite calor e sensualidade a cada plano.
É impressionante como a abertura com
Marilyn nua resplandece sobre o resto da narrativa. Não apenas pelo caráter
erótico, mas também porque essa sequencia consegue duas coisas: Criar o mito
Monroe de beleza, como também abre para que todo o filme seja expresso através
dos corpos e gestos de seus personagens.
Torrente de Paixão é um filme que preza pelo implícito e pelo
escondido. Suas emoções são expressas pelo andar de Marilyn, pelos detalhes do
rosto de Joseph Cotten e pelo olhar de Jeans Peters, sendo enfatizadas por
cores de vestidos, modelos de biquíni, cigarros e sapatos.
Mesmo com a presença explosiva de
Marilyn, Peters consegue se destacar e oferece um desempenho tão misterioso e
impactante quanto a Femme fatale de Monroe. A protagonista de Peters é curiosa,
agente de ação e de motivações misteriosas, remetendo bastante aos personagens
de David Lynch. Essa dona de casa é tão entediada com a monotonia ao seu redor
(especialmente com a vida profissional do marido) que quando o plot se
desenrola, seus desejos de fuga se afloram e ela se torna uma das melhores
mocinhas-detetives do cinema.
Essa protagonista é o próprio
espectador: Sagaz, desconfiado e intrometido, que vê no prazer do mistério e do
lugar não comum (no caso do espectador, o cinema) o escapismo perfeito, nem que
seja por poucas horas. Irônico, divertido e executado a perfeição, Torrente de Paixão é um dos melhores entretenimentos vindos da antiga
Hollywood.
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