Quando Hollywood é
esquizofrênica e sofre de crise de identidade, você sabe o tipo de filme que
vai resultar. Guardiões da Galáxia tenta, até demais, fugir de si mesmo e ser
algo que não é. De repente, parece que os estúdios da Marvel na pré-produção
acordaram e falaram “Galera, não da mais pra repetir a fórmula, vamos mudar
essa parada”, porém colocar uma trilha sonora de rock farofa dos anos 80 e um
visual old school não representa que o filme irá se distanciar das outras obras
do estúdio.
Não existe nenhuma
razão para adicionar elementos tão destoantes de outras obras do estúdio, se em
seu íntimo Guardiões da Galáxia é um Blockbuster completamente sintomático com o presente. E sendo tão comum a tantas outras adaptações da Marvel, ele possuí:
Roteiro meia boca, excesso de CGI e falta de carisma. Essa carência de
personalidade pode ser facilmente discordada, mas assistir Star Wars é o bastante
para perceber as semelhanças entre seus protagonistas e os de Guardiões
da Galáxia. Peter é uma versão mais chorona de Han Solo, Groot é um
Chewbacca menos peludo. E Gamora é a Princesa Leia que resiste ao charme do Han
Solo até o final do segundo terço do filme. Nada de novo.
De resto, temos uma
história atolada de clichês, com algumas cenas carregadas de fluxo de
informação para o espectador captar alguma coisa do que se passa na tela
grande. E, óbvio, explosões à beça para os amantes da pirotecnia artificial da
computação gráfica. Dezenas de mortes, sendo nenhuma delas significantes ou de
peso narrativo, ocorrendo para o filme segurar a atenção do espectador. Piadas
constrangedoras, com exceção de poucas, aparecem em pontos cruciais na
tentativa de desacelerar o ritmo alucinante, mas naquela altura a narrativa já
havia se mostrado desinteressante para mim.
É basicamente isso,
deve agradar a quem não vive sem uma adaptação da Marvel. Até os nostálgicos
por filmes de aventura dos anos 80 podem ter uma opinião diferente da minha. No
final, achei chatinho, com uma ou outra imagem bonita, mas que carece de uma
falta de personalidade tremenda e que busca em referências saudosistas, como
filmes e músicas, uma maneira (falha) de se destacar. Lembrei-me da frase de um
amigo durante o filme inteiro, “Um relógio antigo é um objeto charmoso, um
relógio novo tentando ser um antigo é algo brega”.
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