O gênero Suspense\Terror
anda em alta no cinema brasileiro. O Som ao Redor, Quando Eu Era
Vivo, Trabalhar Cansa, O Lobo Atrás da Porta, estão não apenas
ligados ao gênero, como figuram facilmente dentre os melhores trabalhos
nacionais dos últimos tempos. Mais do que utilizarem o suspense como marcador
de ritmo, tais filmes abraçam o gênero com bastante carinho cinéfilo e
apresentam abordagens estéticas, no mínimo, interessantes.
Isolados peca justamente por não possuir esse conforto e
conhecimento do gênero, se resumindo a uma cópia
insípida dos diversos suspenses genéricos que Hollywood distribui semanalmente
nos cinemas.
O excesso de simbolismo
dos créditos iniciais já havia me deixado uma primeira má
impressão. A partir dai só piora: Uma colagem dos piores clichês
do gênero que somados a química horrenda do casal protagonista revela um
filme carente de personalidade e inventividade. Priorizando sustos fáceis e
abusando dos close-ups, Isolados não visa imergir a plateia em
uma atmosfera rica e cheia de camadas, mas no entretenimento barato, e mal
executado, de sustos isolados (perdão do trocadilho) em uma narrativa recheada
de flashbacks desnecessários, diálogos empobrecedores e diversos furos de roteiro. O filme é frágil e mal arquitetado, determinando meia dúzia
de cenas como sendo feitas para “assustar” e tais momentos são tão facilmente
identificados que se tornam enfadonhos. Enquanto que o resto das cenas “não
assustadoras” se revela um caos de subplots sobre o passado dos protagonistas com nenhum propósito além de servirem como passagens de tempo chatas para a próxima
cena de susto. Seria até interessante poder fazer conexões mais complexas entre
os subplots, porém o caráter didático e a falta de desenvoltura as colocam no
vácuo.
A sensação é que nada acontece durante o
filme, não há o medo da imagem ou do extracampo, o espectador permanece em
terreno seguro e no aguardo do tradicional plot twist dos últimos cinco
minutos. Um produto que tende a causar risos histéricos na plateia, fazendo-os
sentir zero empatia pelo casal engomadinho, que é “ameaçado” por assassinos
seriais no meio do mato. Em meio a isso, a mulher (Regiane Alves) possui
problemas psicológicos e sobra para o namorado (Bruno Gagliasso) defendê-la na
casa no meio da floresta, sem eletricidade, sem ajuda, etc. O roteiro enfatiza
demais seus atores, provavelmente para atrair público, o problema é que a má
construção dos mesmos impede qualquer objetivo fílmico ser alcançado.
A saturação de exemplos
quase idênticos a Isolados o faz cair no esquecimento quase que imediato após os
créditos finais. O gênero pode até ter mais exemplos similares ao filme, porém
obras como as nacionais citadas no começo do texto mostram que o suspense ainda
tem diversos terrenos a serem explorados.
Link IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2391094/
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