quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Homens, Mulheres e Filhos

Most Of Us, Are Sad

Confesso que saí confuso após a sessão de Homens, Mulheres e Filhos. Não havia gostado, e assim continuo, porém  ainda naquela altura não sabia dizer precisamente o motivo de meu incomodo. Algo que espero entender melhor ao fazer essa crítica.

Jason Reitman se mostra seguro e no comando de seu filme sobre relacionamentos nos tempos da Internet. Igualmente confiantes estão seus atores (Adam Sandler, Jennifer Garner, Dean Norris, Ansel Egort), todos limpos, sóbrios e levando demasiadamente a sério seus personagens entediados e neuróticos. Nada de extraordinário em seus dramas: histórias de pais e filhos que buscam sair da monotonia de seus relacionamentos (sejam eles de ordem afetuosa ou interpessoal).

Existe uma vontade em expor essas histórias como maneira de conectá-las, fazendo assim um quadro sobre a solidão moderna. Reitman reforça constantemente seu ponto de vista trágico sobre aqueles personagens ao incluir uma narração robótica de Emma Thompson que exemplifica a dinâmica truncada e fria daqueles fantasmas perdidos. Homens, Mulheres e Filhos é uma espécie de Força sedada. Seus temas são pertinentes, seus personagens carregam dentro de si sentimentos redentores e ânsias por mudanças, porém todas essas potencialidades são dissipadas pela falta de energia da narrativa. A imagem é muita limpa e maquiada, construir um mundo de aparências é uma das propostas da narrativa, porém esse excesso acaba por apagar diversos pontos interessantes da caracterização dos personagens, tornando-os unilaterais e redundantes. Reitman os protege de julgamentos, morais, mas também os impede de ganhar camadas mais humanas. Todos estão aprisionados em uma imagem entorpecente, incapazes de saírem de seus arquétipos narrativos. O interesse é maior em criar uma obra que cite\exemplifique os tipos de solidão do que em criar personagens de carne e osso.


A questão do meu incomodo bate ai. Não sei até que ponto o que apresentei possam ser problemas para outros espectadores, ou se isso acaba por refletir meu cinismo em relação a essa geração, que é no caso, a mesma do filme. Talvez Reitman tenha criado um universo tão próximo que se torna inquietante reconhecer a "imagem entorpecente" como algo familiar. Esse cinema consequentemente se torna preguiço e conformista por não apresentar a jovialidade que seus personagens tanto tentam redescobrir. O filme é bem intencionado, mas lhe falta carisma e audácia em ser mais livre e sujo. Resultando em um cinema que se vende muito mais pelos nomes estampados em seu cartaz do que pela força de suas ideias e imagens.


                  Música do título:  

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