segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Still the Water (Futatsume no mado)

The Water´s Clear and Innocent.

Os tambores rufam, o vento sacode as árvores, as ondas do mar rebatem na areia, um menino encontra um cadáver boiando na praia. Still The Water (Futatsume no Mado) é meditativo, cru, belo e agressivo em proporções igualitárias. Uma obra de conhecimento milenar que se enraíza nos dilemas humanos para fornecer uma experiência que os transcenda para além de suas dimensões.

Lidando com temas tais como o amadurecimento, o aparecimento do amor e a inevitabilidade da morte, Still The Water não estuda tais eventos separados uns dos outros. Em vez disso, os compreende como causas naturais para a própria vida acontecer. O olhar da diretora Naomi Kawase se estende para o continuo movimento do ciclo da vida. Originando um filme que absorve a natureza como parte intrínseca de si, revelando em suas regras e contradições uma ordem espiritual, ancestral e comum a tudo e a todos.

Não existem momentos desperdiçados ou mal aproveitados, Still The Water seria uma obra presunçosa se não tivesse uma direção tão segura e centrada, baseada no respeito e humildade que Kawase sente pelos dramas que aborda. Para isso, ela constrói uma linguagem contemplativa e de caráter sensorial, assemelhando-se bastante a um documentário (estilo não estranho à diretora), que capta perfeitamente o despertar e o fim da vida. Esse ritual é pontuado pelo som do mar e do vento como signos frequentes de uma metafísica que busca alcançar o sublime através dos medos, frustrações e expectativas dos protagonistas.

Still the Water é um raríssimo caso de um filme que se desenvolve fora do que está imageticamente apresentado. A crueza e até aridez com que os personagens se desenvolvem ou até o ritmo contemplativo da narrativa podem afastar alguns, mas é inegável que a obra carrega em si toda a infinidade, beleza e tragédia do que nós rodeia. 


             Música do título:

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