segunda-feira, 26 de maio de 2014

Godzilla

I don´t feel safe in this world no more.

Minha experiência com o Godzilla original foi bastante prejudicada pelo fato de já estar ciente sobre seu subtexto. Por isso, assistir ao clássico Japonês foi animador apenas pelas magníficas sequencias de ação. Ao longo do filme, acabei tendo problemas com a superficialidade dos personagens, o didatismo da montagem e, o já citado, subtexto previamente revelado. Meu maior medo era que a mais recente versão do monstro recorresse à mesma mensagem do original e que os antigos problemas persistissem. Fiquei feliz por perceber que dessa vez, o dino gigante teve um papel diferente na narrativa. Dirigido pelo novato em Hollywood, Gareth Edwards, Godzilla é cinema pipocão, que peca justamente por ter medo em ser um.

Após um inicio empolgante, especialmente uma fantástica sequencia de créditos, o público já está tenso e ansioso. Impotência dos personagens perante os acontecimentos? Confere. Altas expectativas acerca dos bichos grandes? Confere. Godzilla não demora muito para chegar aonde pretende. Aqui, os estragos são visíveis, cadáveres no chão, muita fumaça e caos.  Se, inteligentemente, o filme mexe com os nossos pesadelos de guerra nuclear e de catástrofes naturais, incluindo tsunamis e terremotos na narrativa, ele peca em justamente esconder os agentes de tais pesadelos durante boa parte da projeção. Ainda não cheguei à conclusão do porque dessa escolha, talvez Edwards tivesse medo de cair na mesmice do quebra-a-quebra que permeia a serie Transformers. Ou talvez, ele apenas estivesse segurando os astros do filme para o final a fim de manter todos ansiosos. Porém, a ansiedade é transformada em impaciência e frustração em diversos momentos. Acredito que o pior dos exemplos seja na primeira aparição, completa, de Godzilla, que dura, pouquíssimos minutos. Piorando a situação, o filme não possui personagens carismáticos ou interessantes, com exceção do personagem de Ken Watanabe.  Genéricos, especialmente o protagonista, a contribuição que eles fornecem à narrativa é mínima, estando presentes, em sua maior parte, apenas para representar o texto e suas, boas, alegorias. Felizmente, essas alegorias e significados também se encontram presentes nas imagens desoladoras e no uso amedrontador de sons dos bichos gigantes. E mesmo com a frustração causada pela ausência dos gigantes ao longo do filme, o final consegue, parcialmente, compensar, com excelentes sequencias de ação, ficando no mesmo nível das do original japonês.

Julgo original e remake, filmes de mesmo nível. Ambos compartilham diversos problemas, porém ambos possuem versões, igualmente, interessantes de nosso medo pelo desconhecido.

Música de título: "Apeman", The Kinks.

2 comentários:

  1. Acho que tu foi a primeira pessoa que conheço que gostou do filme. Agora me deu curiosidade de ver.

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  2. Eu to ficando com vontade de rever, nem que seja pelos momentos iniciais e pela batalha final.

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