sexta-feira, 4 de julho de 2014

Heli

É mais ou menos assim: Violência gera violência, que leva a mais violência, resultando em um pouco mais de violência. Isso é a sinopse de um punhado de filmes latinos americanos e Heli é mais outro.

Os temas sociais abordados nesse filme são pertinentes sim, mas a formula na qual ele é produzido já se encontra desgastada há umas boas décadas. Heli é o nome do protagonista que vive com mulher, irmã, filho e pai em uma zona violenta do México moderno. Sua irmã Estela possui 12 anos e namora um rapaz mais velho, que acaba usando a casa da família de Heli como esconderijo para drogas. A partir dai se inicia inúmeras ações que causam diversos tipos de violência aos personagens.

A violência é antecipada desde o primeiro plano (espetacular, por sinal), onde vemos um cadáver e uma bota pressionando o rosto ensanguentado. Amat Escalante é um diretor de mão cheia, Heli até recebeu o prêmio de melhor diretor em Cannes, sua câmera construí um excelente clima opressor, pontuado por: Som seco e alto, e planos tensos de câmera na mão. A encenação nas cenas violentas também é ótima, sendo sujas e desagradáveis (mas não tão insuportáveis quando algumas críticas atestam). O diretor ainda encontra espaço para tecer críticas sutis a banalização da violência no cotidiano.

Porém, infelizmente o filme se atêm a isso, sendo bastante enfadonho em seu terço final. Não há grandes inovações em sua abordagem e a mensagem é entregue na metade do filme. De resto, a obra fica andando em círculos enquanto demonstra a já dita fórmula da “violência gera violência”. O filme encontra seu pior em seus momentos finais, que se tornam uma sucessão de cenas retóricas e de pouco impacto imagético.


Uma pena, pois tive o sentimento de que o filme seria bem mais do que foi. Mediano, Heli possui seus melhores momentos proporcionados pela ótima direção de Escalante, mas que não é o bastante para tornar a obra uma experiência marcante. Por fim, acredito que sua premiação mundo afora, infelizmente, ainda reflete o desejo do estrangeiro (particularmente do europeu) por histórias acerca dos problemas sociais do “terceiro” mundo. Triste, pois esse cinema tem muito mais a oferecer.

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