quinta-feira, 3 de julho de 2014

Top 10 filmes de 2014.1



Quem não gosta de amar, odiar, discordar ou ignorar listas? Como o primeiro semestre do ano terminou, achei interessante fazer uma triagem dos melhores filmes que vi no cinema durante esses primeiros meses. Aqui só estão filmes que estrearam comercialmente nos cinemas brasileiros nessa primeira parte do ano (contei com Budapeste pois diversas pré estreias já ocorreram, com o filme lançando definitivamente em 02/07). A maioria são filmes que não apareceram no Blog, pois esse só foi criado em maio. Lembrando que estou aberto a comentários sobre a lista e que os filmes estão colocados de forma igualitária (O top 10 de melhores, com primeiro e segundo lugar, só no fim do ano). Sem mais enrolações, ai vai o top 2014.1:

A Imagem que falta:

Indicado ao Oscar de melhor documentário, o filme de Rithy Pahn foi uma das mais agradáveis surpresas do ano. A obra é uma recriação de suas memórias dos anos de ditadura no Camboja. Obcecado por encontrar a imagem não mostrada e ignorada, Pahn constrói um documentário forte e melancólico, mas que se afirma incapaz de exibir toda loucura e sofrimento que ele e sua família passaram. A história recontada, em boa parte, através de bonecos artesanais é uma jornada emotiva e metalinguística, enfatizando o poder do cinema para exorcizar demônios interiores e de tocar em feridas e fantasmas que muitos parecem terem esquecido. 

Avanti Popolo:

Avanti Popolo é um filme que só melhora com o tempo. A estréia em longas-metragem de Michael Wahrmann é de uma maturidade cinematográfica impressionante, Avanti Popolo é um filme narrativamente nostálgico e esteticamente inovador. Ao contar a história de pai e filho separados pela dor do desaparecimento de outro filho, Wahrmann se utiliza de narrações em over, filmagens em Super 8 e comentários sobre o cinema, para fazer um filme político inteligente e único. Merece ser visto e revisto.

Nebraska:

Continuando seus dramas familiares, Alexander Payne encontra em Nebraska seu melhor momento. Pai e filho atravessam o país rumo ao Nebraska para o pai conseguir uma recompensa de um milhão de dólares. O filho sabe que não existe recompensa e tenta convencer o pai do mesmo, porém mesmo assim decide acompanhá-lo. Nebraska é o filme mais áspero da carreira de Payne, um drama minimalista (filmado em Preto e Branco) e intimista que não se utiliza de emoções baratas para emocionar o público. Payne, apoiado nas boas atuações de seus atores, constrói um painel de rostos fascinantes ao longo da jornada, fazendo de Nebraska um filme triste sobre os rumos que a vida toma.

Hoje eu Quero Voltar Sozinho:

Hoje eu Quero Voltar Sozinho é um clássico exemplo de “Coming of Age”: Adolescente cego, de poucos amigos, vai se apaixonando por um garoto que acabou de chegar a sua escola. Aqui, as emoções são mais cruas, diferenciando de vários outros filmes do gênero, o filme não tem medo em mostrar cenas de nudez ou de masturbação. Mas esses elementos não são gratuitos ou desnecessários e sim parte essencial no desenvolvimento de uma narrativa simples e enxuta sobre os primeiros amores.

O Lobo de Wall Street:

Ah sim amigos, para mim não existe melhor cineasta norte americano que Martin Scorsese. Com uma bagagem extensa, Scorsese não perdeu nenhum traço da jovialidade de suas grandes obras e Lobo de Wall Street reafirma isso. Com três horas de duração, e uma atuação marcante de Leonardo Dicaprio, o filme é divertido, feroz e crítico acerca da ganância e violência que o American Way of Life proporciona. Remetendo a Bons Companheiros e Casino, Lobo de Wall Street vai além desses e inova na filmografia de Scorsese ao: Quebrar a quarta barreira diversas vezes, utilizar o CGI de forma inteligente e inserir um humor corrosivo e politicamente incorreto digno de um South Park. Lobo de Wall Street é um dos melhores da safra recente de Scorsese.

Sob a Pele:

Rapidamente se tornou o filme mais comentando do semestre, Sob a Pele é um dos comentários definitivos sobre “ser” humano no século XXI. Scarlett Johansson dá o melhor desempenho de sua carreira como a Alienígena Femme fatale que seduz e mata homens em uma Glasgow tão atraente quanto assustadora. Jonathan Glazer criou um filme de suspense único que bebe das melhores ficções científicas do cinema, mas que encontra sua própria voz e caminho em meio a épocas de globalização, internet e ditadura de beleza. Sob a Pele é um dos melhores filmes a surgir nos últimos anos, um suspense de ar clássico, mas soando brutalmente moderno.

Vidas ao Vento:

Anunciado como o ultimo filme de sua carreira, ainda bem que isso já foi desmentido, Vidas ao Vento teria sido um belo canto de cisne do japonês Hayao Miyazaki. O filme é belo, melancólico e surreal em medidas certas, sendo a jornada de Jiro um painel de enquadramentos extraordinários. Mais do que imageticamente impressionante, Vidas ao Vento é uma ode aos nossos sonhos e como eles se tornam responsáveis pelos caminhos que traçamos. Cativante por sua simplicidade, marcante por sua densidade, Vidas ao Vento é mais um grande filme de Miyazaki.

 O Lobo Atrás da Porta:

Visto pela terceira vez, confirmo novamente: Fernando Coimbra é um nome a se ficar de olho. Privilegiado pela ótima fotografia de Lula Carvalho, O Lobo atrás da Porta é o suspense do subúrbio: Quente, sufocante e cheio de situações corriqueiras que poderiam acontecer com qualquer um. Coimbra se utiliza de planos longos para observar as nuanças comportamentais de personagens instáveis, que são colocados contra a parede. O resultado é um suspense que foge do lugar comum, com ótimas atuações e de imagens cruas e violentas.

O Grande Hotel Budapeste:

Wes Anderson continua com seus filmes plásticos, coloridos e milimetricamente construídos e esse é tão atraente quanto os anteriores. O filme se relaciona com as melhores comédias hollywoodianas da década de 40, mas é feito com um caráter contemporâneo particular ao diretor. Budapeste investe em temas mais sombrios, como atesta sua palheta de cores e seus personagens, mais multifacetados e realistas do que os tradicionais. Aqui, o cineasta mostra seu pessimismo com a humanidade, como também seu amor pelos falsos e vazios que compõe seu filme.

Eles Voltam:

Esse Road Movie foi um dos que mais esperei para ver na tela grande. A estréia de Marcelo Lordello nos longas metragens se dar por um filme de autodescoberta de uma adolescente que é abandonada pelos pais na autoestrada. Sendo um filme sensível a enxurrada de sensações que a puberdade trás, Eles Voltam é corajoso por mostrar mais do que falar, aqui o silêncio consiste de importante elemento narrativo. Com ajuda de belas paisagens, Lordello monta uma obra que privilegia o interior de sua protagonista, que tenta se adaptar em meio a rostos e cotidianos estranhos aos seus. Eles Voltam ainda tece alguns comentários sociais, fazendo do filme outra grande obra nacional a ser descoberta pelo público brasileiro.

Quando Eu Era Vivo (Menção Honrosa):

Injustiçado nas bilheterias nacionais, Quando Eu Era Vivo é um filme de terror mais preso ao gênero, porém isso não o deixa menos interessante. Seguindo o caminho que já havia desenvolvido em Trabalhar Cansa, Marco Dutra constrói um terror familiar, com toques macabros, sobre o regresso do filho a casa do pai. Narrativamente surpreendente e esteticamente bem executado, Quando Eu Era Vivo se utiliza do ótimo design de som para criar uma atmosfera claustrofóbica onde a paranoia e a loucura não param de aumentar. E viva o Terror!
























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