segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Isolados

O gênero Suspense\Terror anda em alta no cinema brasileiro. O Som ao Redor, Quando Eu Era Vivo, Trabalhar Cansa, O Lobo Atrás da Porta, estão não apenas ligados ao gênero, como figuram facilmente dentre os melhores trabalhos nacionais dos últimos tempos. Mais do que utilizarem o suspense como marcador de ritmo, tais filmes abraçam o gênero com bastante carinho cinéfilo e apresentam abordagens estéticas, no mínimo, interessantes. Isolados peca justamente por não possuir esse conforto e conhecimento do gênero, se resumindo a uma cópia insípida dos diversos suspenses genéricos que Hollywood distribui semanalmente nos cinemas.

O excesso de simbolismo dos créditos iniciais já havia me deixado uma primeira má impressão. A partir dai só piora: Uma colagem dos piores clichês do gênero que somados a química horrenda do casal protagonista revela um filme carente de personalidade e inventividade. Priorizando sustos fáceis e abusando dos close-ups, Isolados não visa imergir a plateia em uma atmosfera rica e cheia de camadas, mas no entretenimento barato, e mal executado, de sustos isolados (perdão do trocadilho) em uma narrativa recheada de flashbacks desnecessários, diálogos empobrecedores e diversos furos de roteiro. O filme é frágil e mal arquitetado, determinando meia dúzia de cenas como sendo feitas para “assustar” e tais momentos são tão facilmente identificados que se tornam enfadonhos. Enquanto que o resto das cenas “não assustadoras” se revela um caos de subplots sobre o passado dos protagonistas com nenhum propósito além de servirem como passagens de tempo chatas para a próxima cena de susto. Seria até interessante poder fazer conexões mais complexas entre os subplots, porém o caráter didático e a falta de desenvoltura as colocam no vácuo.

A sensação é que nada acontece durante o filme, não há o medo da imagem ou do extracampo, o espectador permanece em terreno seguro e no aguardo do tradicional plot twist dos últimos cinco minutos. Um produto que tende a causar risos histéricos na plateia, fazendo-os sentir zero empatia pelo casal engomadinho, que é “ameaçado” por assassinos seriais no meio do mato. Em meio a isso, a mulher (Regiane Alves) possui problemas psicológicos e sobra para o namorado (Bruno Gagliasso) defendê-la na casa no meio da floresta, sem eletricidade, sem ajuda, etc. O roteiro enfatiza demais seus atores, provavelmente para atrair público, o problema é que a má construção dos mesmos impede qualquer objetivo fílmico ser alcançado.


A saturação de exemplos quase idênticos a Isolados o faz cair no esquecimento quase que imediato após os créditos finais. O gênero pode até ter mais exemplos similares ao filme, porém obras como as nacionais citadas no começo do texto mostram que o suspense ainda tem diversos terrenos a serem explorados.

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